terça-feira, 2 de agosto de 2016

Houve ou houveram?

O verbo "haver" apresenta uma dificuldade aos usuários da Língua quanto à sua concordância: Enquanto a maioria dos verbos concorda com o sujeito da oração, ele e pouquíssimos outros, em alguns casos, não têm sujeito com o qual possam concordar e, por isso, têm de ser conjugados na terceira pessoa do singular. Nesses casos serão denominados de verbos impessoais e participarão de oração sem sujeito. 

O verbo "haver" será impessoal quando significar "existir" ou "acontecer" ou quando indicar tempo decorrido. Nesses casos, então, o adequado é conjugá-lo sempre no singular. "Existir" e "acontecer" não são impessoais, portanto concordam com o sujeito em número e pessoa. Observe estes exemplos:

- Sempre existiram pessoas impolutas. 

O núcleo do sujeito de "existir" é "pessoas", substantivo plural. O verbo, portanto, ficará na terceira pessoa do plural. Se, porém, no lugar de "existir", se usar "haver", ele não concordará com o substantivo "pessoas", que não é seu sujeito, e sim seu complemento. "Haver" ficará no singular:

- Sempre houve pessoas impolutas.

Veja estes outros exemplos:

- Torçamos para que não aconteçam outros atentados terroristas. 

O substantivo "atentados" é o sujeito de "acontecer", por isso este fica no plural. 

- Torçamos para que não haja outros atentados terroristas.

"Haver" significa "acontecer", por isso é impessoal e fica no singular. 

- Há dez anos que não o vejo. 

Nessa frase, há a indicação de tempo decorrido. 
Outro verbo que será impessoal ao indicar tempo decorrido é "fazer". Também ficará no singular:

- Faz dez anos que não o vejo.

Quando se usar "haver" na indicação de tempo decorrido, não se poderá usar o advérbio "atrás". Ou se usa um ou o outro:

- Há dez dias o encontrei. 
- Dez dias atrás o encontrei. 

Nenhum comentário: